Mocinho ou vilão?
Falar sobre cartão de crédito causa arrepios em muita gente. O uso inadequado e a falta de um controle financeiro eficaz fizem do cartão de crédito um grande vilão do bolso dos brasileiros. Além disso, é considerado por muitos o responsável por dívidas quase impagáveis. Mas, vale ressaltar que o bom o uso do cartão passa a ser benéfico.
Isso ocorre porque a maior parte das pessoas que utilizam o cartão de crédito acaba por confundir o limite dado pela empresa administradora do cartão (emissor) com um dinheiro a mais para ser gasto em compras que, muitas vezes, não têm nenhuma necessidade. Desta forma, este fato atrelado a falta de conhecimento sobre as altas taxas cobradas em caso de atraso ou falta de pagamento da fatura explicam porque o cartão de crédito tem tantos adjetivos negativos atribuídos ao seu nome.
Para não entrar na turma dos que estão endividados ou em algum momento da vida já se endividaram com o cartão de crédito, o primeiro passo é entender como esse tipo de serviço funciona e tomar algumas medidas para usá-lo a seu favor. Ao longo deste artigo, vamos tirar as principais dúvidas sobre o cartão de crédito
O que é cartão de crédito e como funciona?
O cartão de crédito é um meio de pagamento muito utilizado no Brasil. Ele funciona basicamente assim: a instituição financeira emissora do cartão estabelece um limite de crédito que poderá ser utilizado pelo portador do cartão. Este, por sua vez, se compromete a pagar o valor utilizado na data de vencimento previamente combinada. Caso o pagamento não seja feito dentro do prazo, o portador terá que arcar com altos juros, além da multa por atraso. Falaremos disso nos próximos tópicos.
Como o limite é estabelecido?
Cada instituição tem seu próprio critério de análise de crédito para concessão do limite, que leva em conta todo o histórico e perfil financeiro do solicitante. A instituição financeira concede um determinado valor de crédito inicialmente que, de acordo com o uso, pode aumentar ou diminuir ao longo do tempo.
Compras parceladas: como afetam o limite?
Segundo o Banco Central, existem duas possibilidades que o banco que administra o cartão pode adotar para abater o valor das compras parceladas do limite do cartão de crédito:
- O limite de crédito diminui de acordo com o valor total da compra. Por exemplo: você tem um limite de 700 reais e fez uma compra numa loja de departamento de 300 reais parcelado em três vezes sem juros. Como o valor total da compra foi de 300 reais, seu limite passou automaticamente para 400 reais.
Quando o valor da próxima fatura for pago e, consequentemente, o valor de uma das parcelas de 100 reais for abatido, seu limite irá aumentar de 400 para 500 reais. Caso você tenha necessidade de fazer uma compra cujo valor é maior que o limite disponível naquele momento, há duas atitudes que podem ser tomadas:
- Antecipar as parcelas que seriam pagas nos próximos meses e pagar todas de uma vez na próxima fatura;
- Solicitar aumento no limite de crédito para o banco emissor, que irá fazer uma nova avaliação de crédito e conceder ou não um novo limite.
- O limite de crédito diminui de acordo com o valor da parcela. Utilizando o mesmo exemplo acima, como a compra de 300 reais foi parcelada em três vezes sem juros de 100 reais, o valor do seu limite passa de 700 para 600 reais, já quem neste caso, é o valor da parcela que diminui o limite.
Para saber qual dessas formas é utilizada pelo pela administradora do seu cartão de crédito, a leitura tanto da fatura quanto do contrato de adesão é essencial.
Rotativo do cartão: corra para bem longe
Para ficar longe das dívidas, quem utiliza cartão de crédito deve sempre pagar o valor total da fatura. Para não ficar inadimplente, o portador do cartão tem a possibilidade de efetuar o pagamento mínimo da fatura, que equivale a 15% do valor total. O valor restante que não foi pago (saldo devedor) será cobrado na próxima fatura acrescido dos juros do cartão, chamados de crédito rotativo.
Segundo a resolução 4.549 do Banco Central em vigor desde o dia 3 de abril de 2017, o saldo devedor só pode ser mantido no crédito rotativo até o vencimento da próxima fatura. Dessa forma, caso o portador do cartão não tenha condições de pagar o valor integral da próxima fatura novamente, o banco deve oferecer outra linha de crédito para pagamento parcelado, desde que seja mais vantajosa para ele.
Antes dessa mudança, o cliente podia pagar todos os meses o valor mínimo da fatura, o que gerava uma dívida impagável devido o efeito bola de neve. Mas porque o rotativo é tão mal falado? Para se ter uma ideia, segundo o Banco Central, a média das taxas cobradas de 27/11/2017 a 01/12/2017 no crédito rotativo regular, que abrange os clientes que pagaram pelo menos o valor mínimo da fatura, foi de 317,78% ao ano. Esse valor equivale a 4.428% maior do que a meta da Selic vigente, que está em 7% ao ano no dia que escrevo este artigo. Para consultar a tabela atualizada da média das taxas praticadas por cada instituição, clique aqui.
Tarifas cobradas
Segundo o Banco Central, além dos juros por atraso ou pagamento parcial da fatura, os bancos podem cobrar outras tarifas referentes à prestação de serviços de cartão de crédito, como:
- Anuidade;
- Emissão de segunda via do cartão;
- Uso do cartão de crédito no saque em espécie;
- Uso do cartão de crédito para pagamento de contas (boletos, conta de telefone, etc.);
- Pedido de avaliação emergencial de crédito.
Para não ser pego de surpresa, verifique com o banco emissor do seu cartão os valores referentes a esses serviços. Atualmente, existem instituições que não fazem a cobrança da anuidade e emissão de segunda via do cartão, por exemplo. Pesquise bastante para não ter problemas com esse tipo de cobrança futuramente.
Espero que esse artigo tenha ajudado a entender todo o funcionamento do cartão de crédito. Ficou com alguma dúvida? Quer sugerir algum tema pra gente falar aqui no blog? Comente aqui embaixo que a gente responder o mais rápido possível! Abração =)