O medo de investir é o que impede muitas pessoas de sair de aplicações com baixa rentabilidade em busca de outras com rentabilidade superior. Por esse motivo que a caderneta de poupança ainda é aplicação financeira preferida dos brasileiros que conseguem poupar uma parte dos seus ganhos.
Na aula de hoje vamos abordar quais são os riscos de se investir e como eles podem impactar a sua carteira de investimentos. Os seguintes assuntos serão abordados:
- Dá para investir sem nenhum risco?
- Risco de Liquidez
- Risco de Crédito
- Risco de Mercado
Tenha uma ótima aula!
Dá para investir sem nenhum risco?
Vou começar nossa aula com uma frase que você deve sempre lembrar: não existe investimento sem risco! Se alguém já te falou que um determinado investimento é livre de riscos, saiba que isso é uma grande mentira. Por menor que seja o risco, ele sempre vai existir.
Se engana quem acha que a caderneta de poupança está livre de riscos. Conforme foi visto na quarta aula deste curso, a aplicação que continua sendo a mais utilizada no Brasil faz parte da mesma garantia da maioria dos títulos privados de renda fixa, como CDB, LCI, LCA, LC, etc. Esta garantia é dada pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC), até o limite de R$ 250.000 por CPF e por instituição financeira, com teto de R$ 1 milhão a cada período de quatro anos. Se você não se recorda como funciona o teto do FGC, leia novamente a quarta aula deste curso que tem toda explicação. O que vale aqui é a solidez financeira da instituição que você tem a conta poupança, e não a aplicação por si só.
Via de regra, o risco do investimento é proporcional a rentabilidade oferecida, ou seja, quanto maior for o risco, maior poderá ser o retorno. O retorno superior nada mais é que um prêmio pago para quem resolver arriscar uma parte do seu capital em busca de uma rentabilidade acima da média do mercado.
Quem investe R$ 1.000 em um CDB com rentabilidade de 120% do CDI sabe que o retorno desta aplicação está vinculado a variação do CDI (taxa DI) – que segue a taxa básica de juros da economia, a Selic – durante o período da aplicação. Os títulos pós-fixados são considerados mais conservadores, uma vez que a rentabilidade oscila de acordo com os principais índices do mercado. O principal risco neste caso é o emissor do título decretar falência.
Já quem compra uma ou mais ações de uma empresa listada na B3, antiga BM&FBovespa, deve estar ciente que o capital investido pode oscilar tanto para cima quanto para baixo, uma vez que uma série de variáveis políticas e econômicas podem impactar no valor da ação.
Nesses dois exemplos que demos, note que sempre há um risco envolvido. Mas quais tipos de riscos que existem quando falamos de investimentos? Vamos falar dos três principais: risco de crédito, risco de mercado e risco de liquidez.
Risco de Crédito
O principal risco para quem investe em renda fixa é o emissor do título, seja ele um Banco, uma Financeira (Sociedade de Crédito, Financiamento e Investimento), uma empresa ou mesmo o governo, decretar falência e, consequentemente, não conseguir honrar com a dívida que tem com o investidor, que é chamado de risco de crédito.
Os títulos públicos disponíveis na plataforma do Tesouro Direto são 100% garantidos pelo Tesouro Nacional, por isso são considerados os mais seguros do mercado, já que, em teoria, todas as instituições financeiras estariam em uma situação muito pior em um eventual calote do governo. Já no caso de grande parte dos títulos privados, o investidor está assegurado pelo FGC (Fundo Garantidor de Créditos) até os limites estabelecidos. Dá uma olhada na lista que preparamos abaixo com os investimentos e seus respectivos riscos de crédito:
- Tesouro Direto (Títulos públicos federais): risco de calote do próprio governo brasileiro – por possuir o chamado risco soberano, os títulos da dívida pública federal são considerados os mais seguros do mercado.
- Caderneta de Poupança: risco do seu banco decretar falência e não conseguir devolver o capital investido – faz parte da cobertura do FGC;
- LC (Letra de Câmbio): risco da Financeira que emitiu o título decretar falência e não conseguir devolver o capital investido – faz parte da cobertura do FGC;
- CDB (Certificado de Depósito Bancário) / LCI (Letra de Crédito Imobiliário) / LCA (Letra de Crédito do Agronegócio): risco do Banco que emitiu o título decretar falência e não conseguir devolver o capital investido – fazem parte da cobertura do FGC;
- RDB (Recibo de Depósito Bancário): risco da Financeira ou Banco que emitiu o título decretar falência e não conseguir devolver o capital investido – faz parte da cobertura do FGC;
- Debêntures: Risco da empresa que emitiu o título decretar falência e não conseguir devolver o capital investido – não é coberto pelo FGC e, por esse motivo, o risco desta aplicação é maior se comparado aos demais títulos citados.
O FGC é uma espécie de seguros para perdas. Por mais que exista a cobertura do FGC para grande parte dos títulos, ninguém quer passar pelo processo de receber calote e esperar o FGC devolver o capital aplicado. Por isso é indicado analisar a solidez financeira da instituição emissora do título.
Para fazer esta análise, o investidor pode utilizar como referência as agências de risco, que estabelecem ratings de acordo com a capacidade do emissor do título de honrar a dívida com seus credores. As agências mais conhecidas são Standard & Poor’s (S&P), Moody’s e Fitch.
É muito importante ter em mente que quando um investidor compra um determinado título através de uma corretora, o risco de crédito continua sendo da instituição financeira emissora do título. Isso porque a corretora faz apenas a ponte entre o investidor e os emissores dos títulos.
Além disso, é essencial que o investidor verifique se os títulos estão realmente registrados no seu CPF junto à CETIP, local em que os registros são realizados. As instituições financeiras (Bancos, Financeiras, Corretoras, etc.) que têm o selo CETIP|Certifica são obrigadas a registrar o título no CPF do investidor, mesmo para ativos em que o registro não seja legalmente obrigatório. Para títulos privados, é possível fazer essa consulta em https://www.cetipmeusinvestimentos.com.br/. No caso dos títulos públicos adquiridos na plataforma do Tesouro Direto, basta acessar o CEI (Canal Eletrônico do Investidor) https://cei.bmfbovespa.com.br/ com o seu CPF e senha cadastro.
Risco de Mercado
Enquanto o risco de crédito é pode ser definido como a possibilidade de o emissor do título não honrar com o pagamento da dívida com seus credores, o risco de mercado está ligado as eventuais perdas que podem ser causadas devido a variação do preço do ativo adquirido, que pode ser tanto um título de renda fixa quanto um título de renda variável.
No mercado de ações, por exemplo, o preço de uma determinada ação pode oscilar muito com o passar dos anos. Em certos momentos o investidor pode estar com um lucro acima da média, enquanto em outros momentos ele pode, inclusive, estar perdendo dinheiro. Mas não é só na renda variável que o risco de mercado está presente. Quem investe em títulos de renda fixa também está sujeito ao risco de mercado.
Nos títulos públicos disponíveis no Tesouro Direto – considerado o investimento de menor risco de crédito do mercado –, há várias opções disponíveis. Em caso de venda antecipada e dependendo do título escolhido, o investidor pode, inclusive, ter prejuízo na operação.
Se o investidor optar por adquirir o Tesouro Prefixado (LTN), por exemplo, o risco é a taxa Selic subir para valores acima da taxa contratada pelo investidor. Caso o resgate do título seja feito antes da data de vencimento, o Tesouro Nacional irá recomprar os títulos de acordo com o preço de mercado, que neste cenário hipotético de alta pode trazer prejuízos para o investidor, já que para que a unidade do título atinja R$ 1.000 no vencimento, o preço de mercado atual deve ser ajustado para não ultrapassar este valor. Caso o investidor “carregue” o título até a data de vencimento, ele vai receber exatamente a rentabilidade pactuada na data do investimento, que pode ser maior ou menor do que a taxa de juros média que o mercado está pagando.
Já o Tesouro Selic (antiga LFT) – por ter a remuneração totalmente atrelada à variação da taxa Selic diária – é indicado por especialistas para a reserva de emergência por ser um título com baixa volatilidade de preços.
Por mais que os títulos tenham o mesmo risco de crédito – que é o calote do governo –, o risco de mercado varia de acordo com o título adquirido.
Nos títulos privados a lógica é a mesma. Aqueles que têm rentabilidade 100% do CDI tem um baixo risco de mercado, já que a rentabilidade do título vai oscilar de acordo com o CDI diário. Já um título prefixado – que tem a taxa definida no momento da aplicação – pode ter uma rentabilidade final maior ou menor do que a média do mercado. Caso o investidor queira negociar o título no mercado secundário, poderá ter lucro acima do contratado ou mesmo prejuízo. Tudo depende de como a economia irá se comportar durante o prazo da aplicação.
Risco de Liquidez
Liquidez nada mais é do que a capacidade do ativo adquirido se transformar em dinheiro, sem que o valor de mercado não seja prejudicado.
Dependendo das condições do mercado, uma pessoa que tenha o capital investido em um determinado ativo pode encontrar dificuldade em converter este ativo em dinheiro. Tudo depende da liquidez do ativo adquirido e do atual cenário econômico.
O exemplo mais prático para entender o risco de liquidez é o mercado imobiliário. Um imóvel, por exemplo, tem liquidez muito menor que a poupança, já que é impossível encontrar um comprador e receber o dinheiro da venda de forma tão rápida como acontece com a poupança, por exemplo. Sem contar que, dependendo de como o mercado imobiliário está, o dono do imóvel pode não conseguir vendê-lo no preço avaliado e, consequentemente, terá que baixar o preço caso esteja realmente precisando do dinheiro.
Nos títulos privados de renda fixa também existe o risco de liquidez. Vamos supor que você tenha adquirido um RDB – que é um título inegociável e intransferível – a uma taxa de 120% do CDI, vencimento em 5 anos e liquidez no vencimento. Devido a uma emergência, você necessita ter o dinheiro de volta e, para isso, terá que verificar junto a instituição financeira que emitiu o título a possibilidade de resgatar o CDB. Existem duas possibilidades que podem acontecer:
- A instituição financeira negar o resgate e você ter que esperar o título vencer;
- A instituição aceitar recomprar o título de você, desde que a rentabilidade passe de 120% do CDI para 95%.
Se você precisasse muito do dinheiro, você provavelmente iria aceitar a segunda opção e, como consequência, aceitaria uma rentabilidade muito menor do que a contratada. Por isso que antes de colocar investir em um título com liquidez apenas no vencimento, é importante ter certeza de que você não precisará do dinheiro até a data de vencimento.
No caso dos CDBs, que são títulos negociáveis e transferíveis, você tem a possibilidade de negociá-los no mercado secundário (caso o título tenha liquidez apenas no vencimento), mas o preço oferecido pelo comprador pode ser menor do que o preço adquirido.
A nossa aula sobre riscos dos investimentos chega ao fim. Esperamos que você tenha compreendido os três principais riscos que o investidor está sujeito. Na próxima etapa do curso vamos falar sobre como o App Renda Fixa pode te ajudar na hora de investir. Não perca! Até semana que vem!