Em crise, países emergentes saem do focos dos investidores

 

Publicação: correiobraziliense

Sem terem feito o dever de casa, os países emergentes sofrem com a falta de interesse dos investidores. O protecionismo comercial que ameaça tomar conta do cenário global e  a alta dos juros nos Estados Unidos têm diminuído a atratividade dessas nações, o que afetou, em especial, Brasil, África do Sul, Argentina e Turquia. Mas a falta de ações dos países em desenvolvimento para aumentar a solidez econômica também é responsável pela diminuição do “apetite por risco” dos agentes de mercado, tanto é que, em 2018, as moedas desse grupo despencaram frente ao dólar, com desvalorizações de 25% a 107%.

De acordo com analistas, o cenário econômico para o Brasil vai depender dos candidatos que chegarem ao segundo turno das eleições presidenciais.  “Nossa instabilidade só pode terminar depois das eleições, quando forem definidos presidente e governadores. Se alguém com grande rejeição do mercado chegar ao Planalto, enfrentaremos mais incertezas”, disse Fernanda Fonseca,  do App Renda Fixa.

 

Segundo especialistas, o cenário para investimentos nos emergentes piorou por uma mistura de fatores globais e específicos que levou grandes somas de recursos a migrar para os países desenvolvidos, que dão mais segurança para o retorno financeiro. A movimentação das taxas de câmbio é o reflexo mais imediato desse movimento. O real desvalorizou-se 25% desde o início do ano frente ao dólar, que saiu de R$ 3,31 para os atuais R$ 4,14. O mesmo ocorreu com outras moedas, sendo o caso mais notório o do peso argentino, que tombou 107%: um dólar saiu de 18,61 para 38,60 pesos no período.

Com a perda de valor das moedas, os emergentes iniciaram uma onda de elevação das taxas de juros. Em situação mais crítica, Argentina e Turquia anunciaram aumento recentemente. Na prática, o movimento ocorre para diminuir os impactos inflacionários da desvalorização cambal e evitar a fuga dos investimentos financeiros. Paulo Levy, técnico de planejamento e pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), afirmou que, enquanto a Argentina e a Turquia têm dívidas externas grandes, a África do Sul voltou à recessão econômica. Já o Brasil vive a incerteza eleitoral e a falta de garantia de que as reformas fiscais necessárias para reduzir o deficit público vão ser implementadas.

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