Saiba como participar
A XP decidiu agora em novembro lançar o seu IPO. A empresa, que é brasileira, não irá usar a B3 para isso e sim a bolsa de valores dos Estados Unidos, a Nasdaq. Neste artigo vamos falar sobre o porquê disso e sobre como adquirir ações desta instituição.
Muitos investidores locais ficaram a espreita para conseguirem reservar um pouco das ações da empresa que já fala sobre lançar-se no mercado de capitais. O ponto crítico que temos aqui é a escolha de bolsa de valores, assim, os investidores buscam formas de ainda assim conseguirem participar deste IPO.
São três os principais motivos para esta escolha, sendo o primeiro um temor a respeito da CVM Comissão de Valores Mobiliários), por conta de eventuais riscos de órgãos reguladores determinarem a oferta irregular por se tratar da maior corretora brasileira. Este fato foi mitigado pela própria CVM que afirmou que segundo a norma CVM 555, a oferta na B3 não seria irregular. Já a segunda possibilidade é do mercado brasileiro não comportar a oferta e a empresa ter mais visibilidade na bolsa de Nasdaq. Enquanto a terceira é que a XP quer continuar sendo a acionista majoritária mesmo vendendo muitas ações e talvez isso não fosse possível na B3, uma vez que para negociar na Nasdaq existem dois tipos de ações, a da classe A com direito a um voto cada ação e a da classe B com direito a dez votos cada ação e ficarão em posse da própria XP.
Quem detém a XP hoje?
A XP é considerada a maior corretora do Brasil quando o assunto é volume de negociações de ações e quando falamos sobre os detentores atuais da empresa, temos os acionistas General Atlantic LLC e Dynamo VC Administradora de Recursos Ltda e gestores da XP Controle. Estes já pensam em vender suas ações no IPO, somente o Itaú Unibanco Holding SA não pretende se desfazer da sua posição.
Além disso, o valor buscado na captação com os primeiros investidores está em torno de US$ 12 bilhões a US$ 15 bilhões. Essa entrada de capital corresponderia ao valor de mercado do atual principal banco de investimentos no Brasil, o BTG Pactual.
Um dos planos neste IPO é de vender uma participação de até 12,5% inicialmente. Como resultado, isso faria com que a demanda pelas ações não fosse totalmente atendida e melhoraria as negociações, uma vez que mais pessoas iriam em busca de conseguir um pouco das ações. E, com a demanda maior que a oferta, a tendência é que o preço suba.
Lucros
Como sabemos, a XP detém boa parte dos investidores ativos em sua carteira de clientes. Isso resultou em um lucro de R$ 699 milhões entre janeiro e setembro de 2019. Esta carteira de clientes chega 1,5 milhão de pessoas com posse de R$ 350 bilhões sob custódia na corretora. A movimentação até o mês de novembro de 2019 foi de aproximadamente R$ 972 bilhões no total. Ultrapassando a concorrente UBS que atingiu a marca inferior de R$ 714,79 bilhões. Como a XP também tem em seu complexo outras duas grandes corretoras como a Rico e a Clear, os valores movimentados são adicionados a este cálculo, o que impacta em R$ 247 bilhões ao total da empresa.
Por que fazer um IPO agora?
A finalidade desta captação é para aumentar os negócios da empresa, assim como realizar novas aquisições e iniciar-se como um banco digital que também faz pagamentos e que possui serviços como seguros, por exemplo, lembrando que a corretora foi autorizada a se tornar um banco através de uma licença no ano passado (2018).
O pedido, que foi feito no dia 15 de novembro em Nasdaq, reuniu alguns dos principais bancos internacionais como Goldman Sachs Inc., JPMorgan Chase, Morgan Stanley, Banco Itaú BBA SA e a XP Investimentos, já para a transação estão listados o UBS, o Bank of America, o Credit Suisse e o Citigroup.
Além disso, as instituições estipulam um valor entre US$ 22 a US$ 25 por ação e do total arrecadado estimado, US$ 1,063 bilhão (R$ 4,4 bilhões) será destinado para o caixa da XP, já o restante do dinheiro vai para os acionistas citados anteriormente e que pretendem vender suas ações totalizando até US$ 642 milhões com a venda que não tira o controle majoritário da XP Controle.
Como conseguir uma ação da XP no IPO?
Já sabemos que este IPO não vai ser realizado na bolsa aqui do Brasil. Nos resta abrir conta em instituições estrangeiras para conseguir o acesso. Como a oferta será realizada na Nasdaq, o investidor precisa ter acesso a essa bolsa e pode fazer isso criando uma conta no exterior para participar do processo. Algumas instituições permitem brasileiros, o que pode ser uma saída.
Não é tão difícil investir na bolsa americana hoje em dia. Abrindo conta em uma corretora de lá já é suficiente, você precisará enviar seus recursos para lá para começar as suas movimentações. Um exemplo de instituição que aceita latino-americanos como nós é a Avenue. Portanto, ela conta com algumas facilidades para o investidor brasileiro que deve ficar atento à corretagem, por exemplo, cobrada pela instituição. Podendo chegar a US$ 10,00, dependendo do valor negociado. A instituição também realiza lucro na cobrança das taxas de câmbio, então fique atento.
Mas existe um ponto a ser destacado. Por se tratar de um IPO norte-americano, por regras, investidores pessoas físicas não podem participar e terão que aguardar a entrada das ações no mercado secundário.
Em segundo lugar, um outro modo de participar é ficar de olho nos fundos de investimentos. Alguns estão focando neste papel para ficar exposto a oscilação deste ativo, no momento a XP não quer que fundos brasileiros participem de sua captação, mas isso pode mudar até o dia de seu IPO.
Agora, pensando de maneira bem menos direta. É possível adquirir ações do Itaú já que ele detém 49% da XP e não pretende vender as suas ações. O preço almejado no IPO supera o valor pago pelo Itaú em seis vezes, como o Itaú possui outras fontes de receitas e também despesas, não será plenamente um reflexo da ação da XP mas ficará exposto.
Sobre indicadores
O múltiplo projetado para a XP está alavancado, lembrando que o múltiplo é a quantidade de anos que o investidor precisará esperar para ter de volta o valor que investiu, na XP o múltiplo P/L é de 29 vezes, segundo analistas de ações. Já o valor da empresa é de R$ 85,9 bilhões, assumindo um preço/lucro de 20 vezes e não 29. Esta diferença se deve ao potencial de crescimento que a instituição tem nos próximos anos e também ao baixo custo que possui para adquirir clientes (CAC).
Fazendo um paralelo, os principais bancos brasileiros negociados na B3 atingem um múltiplo de 11, mas diferente dos bancos, a XP possui menos concorrentes de grande porte e um mercado pouco explorado.
Riscos possíveis
Fora a performance estipulada não ser atendida, o cenário de concorrência pode causar um impacto na XP. O BTG Pactual já começou a dar sinais que pretende seguir pelo mesmo caminho, as chances de ter seu modelo replicado são grandes. Em contraponto, pode ser que a exclusividade dos agentes autônomos com uma única instituição seja retirada. Hoje os agentes autônomos montam uma estrutura mais leve para a empresa.
Embora possa ser um sinal de alerta, esta interferência não deve vir a curto prazo. Portanto, não deve afetar os resultados da XP nos próximos anos.
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Bons investimentos e até a próxima!