Você sabia que uma flor foi capaz de causar uma crise financeira em um país inteiro?
Já ouviu falar em bolhas especulativas? É sobre isso que se trata o artigo de hoje. Esse é um tema muito importante a ser abordado para que você saiba que quase tudo é possível no mundo dos investimentos, inclusive que, uma única flor chegou a custar mais que um carro 0km. Isso mesmo que você acaba de ler!
Na Europa do século XVII, os habitantes dos países baixos, atual Holanda, descobriram uma forma de ganhar muito dinheiro com um tipo de flor, a tulipa. As tulipas eram desconhecidas dos europeus e por serem muito bonitas e raras, principalmente por seu pigmento exuberante causado por um vírus da época, após alguns anos, se tornaram um artigo de luxo que só os nobres como banqueiros, agricultores e floricultores poderiam possuir. O botânico Carolus Clusius trouxe alguns bulbos de tulipa para a Holanda há mais de 400 anos depois de retornar de sua viagem a Constantinopla em 1593, entretanto, somente no século seguinte à sua introdução no continente europeu que essa flor ganhou destaque na sociedade.
Um único botão da tulipa, chegou a valer em florins holandeses (moeda da época) o equivalente a R$ 200 mil reais de hoje. O alto preço da espécie Semper Augustus, passou a influenciar o preço das demais tulipas que viraram objeto de especulação visando os grandes ganhos com a flor que crescia somente em meio a primavera e verão. Como os comerciantes de tulipas queriam aproveitar o restante do ano, passaram a vender o direito de comprar as tulipas para as pessoas, transformando essas flores em ativos financeiros. Os “vales tulipas” começaram a ter valorização no seu valor de mercado, muitas pessoas compravam diversos bulbos na esperança de vendê-los por um preço superior ao que pagaram, assim como acontece com o mercado de ações hoje em dia. E assim, em 1636 a flor começou a ser negociada na bolsa de valores de Amsterdã. Na época, um título de 1200 florins, que representava um bulbo de tulipa, poderia ser vendido rapidamente por 100 a 200 florins a mais que o preço de compra. O nível de especulação era tão alto e as tulipas estavam se aproximando ao que chamamos hoje de bluechips, terminologia usada para ações que possuem um volume de negociação muito alto na bolsa de valores. Outro detalhe interessante é que as tulipas, além de serem utilizadas para especulação e ganhos exponenciais, também eram utilizadas como moeda de troca para pedir empréstimos nos bancos.
O mercado de tulipas era constituído por ricos colecionadores e grandes empresários holandeses que foram deixando o mercado quando a compra de uma flor começou a se tornar muito cara. Mas as pessoas que ouviam falar do milagre das tulipas continuavam entrando nesse mercado, como os estrangeiros e principalmente a classe baixa de franceses, que passaram a vender bens na tentativa de enriquecer apenas com uma flor. Entretanto, na chegada do verão, não haviam tantos compradores de tulipas para sustentar as altas especulações e o preço cobrado por elas não era aceito facilmente, rompendo então a bolha especulativa que havia sido criada. Então vieram as cobranças dos títulos.
Os bancos, os vendedores, os floristas, os investidores queriam receber os valores de seus títulos mas a venda de tulipas não estava acontecendo, após dois anos o governo declarou que os contratos seriam anulados desde que fossem pagos ao menos 3,5% dos valores contratuais previamente acordados.
Essa foi a primeira grande bolha especulativa que se tem conhecimento no mundo dos investimentos. Uma bolha especulativa é quando um ou mais ativos começam a tomar preços muito mais altos do que deveriam por pura especulação. O evento que atingiu a bolsa de Amsterdã, onde as tulipas passaram a ser negociadas, acabou sendo caracterizado como um dos mais catastróficos de todos os tempos, financeiramente falando.
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