A caderneta de poupança, mais conhecida popularmente como poupança, é um dos investimentos mais querido por boa parte dos brasileiros. Porém, poucos conhecem a fundo todas as características e aspectos que cercam essa modalidade de investimento.
No texto de hoje vou tentar mostrar porque todos os analistas, consultores e investidores experientes a consideram um dos piores investimentos disponíveis no mercado.
A rentabilidade da poupança
Para compreender melhor sobre a poupança, primeiro temos que entender como ocorre o rendimento desse investimento.
Em agosto de 2012, o Congresso Nacional aprovou o projeto de Lei nº 12.703 que sanciona a Medida Provisória nº 567 de maio de 2012 que muda a regra de remuneração da caderneta de poupança, por juros de:
“a) 0,5% (cinco décimos por cento) ao mês, enquanto a meta da taxa Selic ao ano, definida pelo Banco Central do Brasil, for superior a 8,5% (oito inteiros e cinco décimos por cento); ou
- b) 70% (setenta por cento) da meta da taxa Selic ao ano, definida pelo Banco Central do Brasil, mensalizada, vigente na data de início do período de rendimento, nos demais casos”.
Bom, atualmente podemos dizer que a poupança é composta pela remuneração básica e pela remuneração adicional. A remuneração básica é dada sempre pela TR, que é a Taxa Referencial, divulgada diariamente pelo Banco Central, e a adicional pela Taxa Selic. Então, quando a meta da Taxa Selic for superior a 8,5% ao ano, os rendimentos são calculados a 0,5% ao mês, mais a TR. Caso a Taxa Selic seja igual ou inferior a 8,5%, a poupança rende 70% da Selic ao mês, mais a TR.
É bom lembrar que a TR está zerada desde setembro de 2017, e não há expectativa para aumento no futuro próximo. Também é importante frisar que em alguns meses atrás a rentabilidade da poupança sequer superava a inflação.
A poupança possui “Data de Aniversário”
Uma das maiores pegadinhas da poupança que engana boa parte de seus investidores, é que a poupança, assim como, você possui uma data de aniversário. E o que isso significa? Vou propor um exemplo prático para explicar melhor. Imagine que você aplicou R$ 10 mil na poupança no dia 15 de junho. Pronto, esse é o dia do aniversário, a partir dessa data você só vai receber os rendimentos da poupança no dia 15 de todo mês. E qual o problema disso?
Bom, digamos que no dia 14 você precisou resgatar seu dinheiro por qualquer que seja o motivo, no dia seguinte, que seria o dia 15, a sua conta está zerada então a poupança não rende nada. Seu capital ficou praticamente um mês aplicado e você não recebeu nada por isso. Se tivesse feito a mesma aplicação em um CDB com liquidez diária, por exemplo, o rendimento seria diário e, portanto muito superior.
Isso ocorre porque a remuneração é realizada de acordo com o menor saldo do período. E não adianta você resgatar no dia 13, no nosso exemplo, e depois reaplicar no dia 14, o rendimento vai ser sempre sobre o menor saldo.
E não acaba por aqui, caso você aplique o dinheiro em um final de semana ou feriado a data de aniversário da sua poupança vai ser o próximo dia útil. Tem mais! A data de aniversário das contas abertas nos dias 29, 30 e 31 é o dia 1° do mês seguinte. Imagine um caso hipotético em que você aplicou o dinheiro em uma terça (29) e sexta-feira (1) é um feriado nacional, então a data de aniversário da sua poupança vai ser na segunda-feira (4), quase uma semana depois!
A poupança não é o investimento mais seguro
Engana-se quem acredita que esse é o investimento mais seguro do mercado. A poupança possui a mesma garantia que outros investimentos de renda fixa como CDB, RDB, LCI, LCA, LC, entre outros, ou seja, possui a cobertura do FGC.
Para quem não está familiarizado o FGC é o Fundo Garantidor de Crédito, que foi criado com o objetivo de melhorar a segurança e confiança do sistema financeiro nacional. Diferente de outros setores da economia, o financeiro, precisa de muita confiança por parte da população e o FGC surgiu para contribuir nesse aspecto. Então, caso um banco ou financeira decrete falência o FGC vai cobrir todos os seus investidores até o limite de R$ 250 mil por CPF. Se desejar mais informações, acesse nosso Blog.
Existe ainda o investimento em títulos públicos, em especial o Tesouro Selic, que são ainda mais seguros que a poupança e não possuem limite de cobertura, já que a garantia é do Tesouro Nacional. Os títulos públicos são considerados por todos os especialistas em investimentos como os mais seguros do mercado, no que se refere ao risco de crédito (calote).
Liquidez da poupança
Aqui, com certeza, está um dos grandes trunfos da poupança, o fato de possuir liquidez diária, mas se engana outra vez quem acredita que ela é a única com essa característica. Dois títulos que eu mencionei anteriormente também possuem a mesmo resgate: Tesouro Selic e CDB liquidez diária.
De fato esses dois títulos são os grandes rivais da poupança por possuírem características semelhantes. As três modalidades de investimentos possuem liquidez diária; CDB e poupança possuem garantia do FGC com limite de R$ 250 mil, e ainda mais seguro, o Tesouro Selic possui garantia do Tesouro Nacional sem limite de cobertura.
Mas é na rentabilidade que a poupança leva uma verdadeira surra. Você consegue encontrar facilmente CDBs com liquidez diária pagando 100% do CDI, enquanto o Tesouro Selic é indexado a Taxa Selic, e ambos remuneram diariamente os detentores desses títulos. É bem verdade que a caderneta de poupança é isenta de Imposto de Renda, assim como outros investimentos como LCI e LCA, mas mesmo pagando o imposto a rentabilidade dos títulos citados é superior à poupança.
Espero que o artigo de hoje seja um divisor de águas para quem o leu. Não existe nenhuma dúvida que a poupança é um dos piores investimentos no mercado, espero que isso tenha ficado claro para o querido leitor. Caso ainda tenha alguma dúvida, por favor, deixe nos comentários. Compartilhe esse texto com alguém que ainda está preso a esse investimento para ajuda-lo a aplicar melhor seu capital. Bom, vou ficando por aqui, bons investimentos a todos, abraços!
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