Você já parou para reparar nas características de um investimento da moda? É sempre a mesma história: promessa de bons retornos sem necessidade de grandes esforços. É só aplicar o dinheiro e deixar render.
De tempos em tempos, surge no mercado alguma aplicação com esse apelo e muitas pessoas acabam investindo por impulso, sem entender todos os riscos envolvidos na operação. Algumas têm sucesso em seus investimentos, outras não.
O bitcoin não é uma exceção. Assunto antes restrito ao universo dos apaixonados por tecnologia, ele passou a fazer parte das rodas de conversa de boa parte dos brasileiros. A principal razão foi a sua valorização recorde no fim do ano passado.
A seguir, explico um pouco mais sobre o que tem acontecido com essa moeda virtual (ou criptomoeda). Também mostro como foi a minha experiência quando eu comecei a investir.
Neste post, vou falar ainda sobre como uma carteira diversificada de criptomoedas me ajudou a lidar melhor com as oscilações desse tipo de investimento. Deu até para ter um retorno mais consistente.
Vamos começar?
O sobe e desce do bitcoin
O bitcoin teve um recorde histórico de valorização em 2017. Em 16 de dezembro, 1 BTC fechou as negociações cotado a impressionantes US$ 19.497,40, o maior valor desde a sua criação, em 2008. A alta foi de 2.384% em um ano, de acordo com o site CoinMarketCap.
No dia seguinte, o bitcoin chegou ultrapassar os US$ 20 mil, mas retornou ao nível anterior.
Essa valorização fez brilhar os olhos de muita gente e, não por acaso, o número de pessoas que hoje investem em bitcoin é duas vezes maior que o número de investidores na bolsa de valores brasileira.
Porém, se você já está familiarizado com o bitcoin, deve saber que esse é um investimento de alto risco e que sua cotação costuma variar bastante.
Para ilustrar, vamos ver o que aconteceu com o bitcoin desde o início de 2018 no gráfico a seguir.
Atualmente, o bitcoin é negociado na casa dos US$ 9 mil, bem abaixo do pico histórico.
Como você pode perceber, houve dias em que ele teve altas de mais de 10%. Em outra ocasião, chegou a cair quase 20% em um só dia.
Para você ter uma ideia, em 18 de maio de 2017, quando o mercado foi balançado pela delação da JBS, o Índice Bovespa fechou em queda de 9% e deixou muita gente em pânico.
Durante o pregão daquele dia, houve até um circuit breaker (quando a bolsa cai mais de 10% e as negociações precisam ser interrompidas para evitar o efeito manada).
Alguns podem dizer que a tão falada bolha do bitcoin finalmente estourou. Com ou sem bolha, os dados permitem concluir que muitas pessoas foram influenciadas por esse movimento de alta e compraram bitcoins durante os dias de valorização.
O que não sabemos ainda é se haverá uma nova onda de valorização da moeda ou se sua cotação vai continuar a cair. E isso nos leva ao próximo tópico.
Como montei uma carteira com bitcoin e outras criptomoedas
A diversificação é uma técnica consagrada quando se fala em aplicações financeiras. Ela consiste em montar carteiras de investimento mais inteligentes, considerando a correlação entre o comportamento dos ativos.
Trocando em miúdos, a diversificação permite aproveitar com mais segurança a valorização dos ativos em momentos de alta, além de suavizar perdas em momentos de queda. Dessa maneira, o investidor tem mais chances de obter uma rentabilidade consistente no longo prazo.
Como outras moedas virtuais também começaram a valorizar nos últimos tempos, decidi diluir o risco de investir em bitcoin dividindo o meu capital entre oito criptomoedas diferentes.
Para saber quais criptomoedas eu deveria comprar, usei o critério da diversificação pelo valor de capitalização de mercado.
Fiz meu investimento entre os meses de junho e novembro de 2017. A composição da minha carteira, considerando o que estava acontecendo no mercado de criptomoedas nessa época, ficou assim:
Criptomoeda |
Símbolo | Peso na carteira (em %) |
Bitcoin |
BTC |
55,81% |
Ethereum |
ETH |
25,79% |
Ripple |
XRP |
9,04% |
Litecoin |
LTC |
2,86% |
NEM |
XEM |
1,89% |
Dash |
DASH |
1,86% |
Ethereum Classic |
ETC |
1,84% |
Monero | XMR |
0,91% |
*Vale lembrar que, como as oscilações desses ativos são intensas, o peso de cada um deles na carteira deve ser revisado de tempos em tempos para evitar que ela fique desbalanceada.
Depois de cinco meses investindo em bitcoin e outras criptomoedas, este foi o resultado do meu investimento:
Como você pode ver, a rentabilidade da minha carteira foi bem interessante. Para ajudar, o Índice Bovespa, principal referência do mercado brasileiro de ações, teve um retorno de 15,64% no mesmo período. O CDI ficou em 3,54%.
Porém, você deve estar pensando que se eu tivesse investido somente em bitcoin eu teria tido um retorno bem melhor.
Sim, você tem razão. Mas eu pergunto: como saber que a rentabilidade do bitcoin seria exatamente essa? Como garantir que nada seria capaz de derrubar sua cotação de repente?
É para isso que serve a diversificação: ampliar as chances de uma performance melhor, ainda que haja algum acidente no percurso. E, via de regra, sempre haverá algum ativo de maior destaque em uma carteira diversificada.
É claro que a minha saga com o bitcoin não acaba aqui. No blog da Magnetis, eu conto mais detalhes sobre:
- Custos e impostos;
- Como abrir contas em bolsas de negociação de criptomoedas;
- Como proteger a sua carteira contra um ataque hacker (sim, eles acontecem!).
Saiba mais sobre o bitcoin e outras criptomoedas. E se você tiver alguma dúvida ou quiser compartilhar a sua experiência, deixe aqui o seu comentário.
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