COMO ANDA A EDUCAÇÃO FINANCEIRA DOS MILLENNIALS?
A recente crise que passamos demonstrou que decisões financeiras mal informadas podem ter consequências negativas severas.
A geração Millennial, também conhecida como geração Y, representa uma faixa demográfica da população nascida desde a década de 80 até início dos anos 2000. O que há de interessante nessa geração em particular é que cresceram em uma época de grandes avanços tecnológicos e também de grande crescimento econômico. A internet, por exemplo, se popularizou nessa época e acompanhar esse boom de mudanças certamente traz um tanto de impactos em suas personalidades.
Sendo também uma Millennial o que mais percebo nessa minha geração é o tal do nosso imediatismo. Temos altas expectativas em relação as nossas carreiras e também a nossas vidas pessoais e isso é em parte culpa das redes sociais que exibem tantos cenários de perfeição, mas junto com essas altas expectativas, também vem às altas decepções. Somos competitivos, temos urgência por informação e resultados e estamos sempre inconformados com nossas situações atuais.
O que também tem de novo atualmente é que estamos vivendo um período de bastante tensão por parte das questões em relação à previdência, a tendência é que governos mais liberais ganhem destaque e a responsabilidade de economizar e investir o dinheiro seja transferida para os indivíduos, isso enquanto o Estado sai cada vez mais de cena. Com certeza tal questão irá gerar conflito e dividir opinião (como já estamos vendo acontecer). Mas o que ocorre, é que os altos gastos com o sistema de Previdência Social e o aumento da expectativa de vida fizeram hoje com que seja mais difícil conseguir segurança financeira na aposentadoria.
Em paralelo a isso, os serviços e produtos financeiros hoje são muitos e são altamente complexos, isso se deve em parte a globalização e as tecnologias digitais. Certamente é algo muito vantajoso, cada vez mais o mercado financeiro se refina e cria novos produtos para os investidores com taxas, prazos e níveis de risco diferentes. Porém, é necessário que as pessoas estejam atentas a esse tanto de novidade para que aproveitem boas oportunidades e jamais caiam em ciladas.
A importância da Educação Financeira
É fundamental que em meio todas essas mudanças não somente os Millennials, mas que todos entendam sobre finanças. A importância da educação financeira na vida de todos aumenta ainda mais conforme ocorre a diminuição do Estado na economia, os indivíduos irão depender mais de si para sua segurança financeira e isso no início pode ser difícil, a gente precisa controlar uma série de vieses como a inércia ou até mesmo o medo que faz com que muitas pessoas não invistam.
A educação financeira é algo importante para nossa segurança e estabilidade, aliás, não somente para a gente como indivíduos, mas para a economia como um todo. A recente crise que passamos demonstrou que decisões financeiras mal informadas podem ter consequências negativas severas.
Enfrentamos decisões financeiras o tempo todo e cada uma dessas traz conseqüências importantes por todas nossas vidas. As escolhas financeiras que as gerações mais jovens enfrentam são muito mais desafiadoras que as gerações passadas. As pessoas hoje devem assumir uma maior responsabilidade por decisões como investir, têm maiores gastos com sua educação e também pelo planejamento de suas aposentadorias.
Não entender pelo menos o básico sobre finanças e sobre a importância de ter objetivos e fazer um planejamento carrega custos significativos. Aqueles que não conhecem o conceito de juros compostos correm o risco de aumentar suas dívidas e ainda precisar de empréstimos bancários, acabam assim não poupando e investindo seu dinheiro. Enquanto isso, pessoas com habilidades financeiras organizam suas finanças e ainda aproveitam desses mesmos juros compostos para seu próprio benefício.
Um artigo publicado em 2017 por Annamaria Lusardi e Noemi Oggero mostrou que em menos de 10 anos três de cada quatro profissionais no mercado de trabalho serão Millennials, isso a nível global. O trabalho utilizou a pesquisa da S&P Global FinLit Survey realizada em 2014 que avaliou o grau de letramento financeiro da população mundial. Essa avaliação se deu por algumas perguntas que medem quatro conceitos fundamentais para a tomada de decisão financeira: entendimento do cálculo de juros, inflação e diversificação de risco.
As perguntas foram as seguintes:
1) Suponha que você tinha R$ 100 em uma conta de poupança e a taxa de juros foi de 2% ao ano. Depois de cinco anos, quanto você imagina que terá como saldo de sua aplicação se deixar o dinheiro aplicado neste período?
- A) Mais de R$ 102
- B) Exatamente R$ 102
- C) Menos de R$ 102
- D) Não sei
- E) Me recusa a responder
2) Imagine que o rendimento do seu investimento foi 1% ao ano e a inflação foi de 2% ao ano. Depois de um ano, quanto você imagina que poderá comprar com o dinheiro que foi aplicado nesse período?
- A) Mais do que hoje
- B) Exatamente o mesmo que hoje
- C) Menos do que hoje, com o dinheiro dessa conta
- D) Não sei
- E) Me recuso a responder
3) Você acha que a seguinte declaração é verdadeira ou falsa? “Comprar ações de uma única empresa normalmente fornece um retorno mais seguro do que um fundo de ações”.
- A) Verdadeiro
- B) Falso
- C) Não sei
- D) Me recuso a responder
A pesquisa foi realizada em 140 países e mostrou que um entre quatro adultos do mundo (25%) pode ser considerado financeiramente letrado. Foi percebido que em países emergentes, o grau de entendimento dessas quatro variáveis é menor conforme avança a idade, em países mais desenvolvidos adultos entre 36 e 50 anos possuem a maior taxa de letramento financeiro (63%).
O número de jovens que possui conta bancária e também se estão ou não conectados na internet, foram fatores positivamente relacionados ao nível de letramento financeiro da população. O grande problema é que a grande disponibilidade hoje de produtos financeiros e bancários somada ao fácil acesso ao crédito, pode levar as pessoas com menor entendimento de variáveis financeiras ao endividamento. Provavelmente você conhece alguém com dinheiro aplicado em um investimento como a poupança, porém, com algumas dívidas.
Comparar taxas de juros e avaliar qual estratégia mais eficiente pode ajudar em situações como esta. É muito raro (praticamente impossível) que os juros recebidos de produtos financeiros mais conservadores seja maior do que os juros pagos por empréstimos. O mais inteligente seria primeiro pagar seus débitos para investir, isso fará com que você se livre das altas taxas de juros cobradas pelas instituições financeiras.
O Brasil quando comparado com outros países, é visto como um “outlier” em muitos casos. O número de jovens aqui do país que poupam por meios formais e semiformais fica abaixo do que seria esperado em função de seus níveis de letramento financeiro. Mais de 40% dos jovens brasileiros afirmam ser incapazes de arcar com gastos emergenciais, o ideal é que essa proporção fosse menor do que 30%.
A conclusão que chegaram os autores é de que a geração Millennial ainda não está pronto para tomar decisões financeiras, isto porque com a criação de tantos novos produtos financeiros, as escolhas se tornam muito mais complexas, isso atrelado ao grau crescente de incerteza com a economia e com a maior responsabilidade financeira que possuem os jovens atualmente. É exatamente por essa razão que iniciativas de educação financeira cumprem um papel fundamental, elas trabalham para que essa geração não comprometa sua seguridade financeira e estabilidade econômica.
Respostas:
- a) Se os juros anuais são de 2%, somente ao final do primeiro ano você já teria R$ 102,00, portanto, em cinco anos, teria muito mais do que R$ 102,00;
2 . c) Se a inflação foi maior do que os juros que rentabilizaram sua aplicação, você terá perdido poder de compra, ou seja, o seu dinheiro terá rendido menos do que a inflação e então, você poderá comprar menos coisas com aquele dinheiro que estava aplicado e
- b) Um fundo de açõesc ostuma ser diversificado, ou seja, costuma ter ações de várias empresas em sua carteira e com uma carteira diversificada, os riscos são menores do que comprar ações de uma única empresa, pois se uma dessas empresas não estiver performando bem, outra pode estar subindo e acabará equilibrando a carteira.
Espero que você tenha acertado as questões e esteja entre a população considerada financeiramente letrada. Comentem os resultados de vocês e continue acompanhando nossos conteúdos para cada vez mais aprender e ter sucesso em sua vida financeira.
Até mais!