A plataforma online do Tesouro Direto foi criada com o objetivo de democratizar e facilitar o acesso a investimentos mais sofisticados para pessoas físicas. Se antes para se tornar credor do governo era necessário comprar títulos públicos através de fundos ou bancos, agora você pode comprar diretamente pela plataforma online.
São vários os títulos ofertados. Nós já falamos sobre o Tesouro Selic e o Tesouro IPCA+, agora você vai aprender um pouco mais sobre o Tesouro Prefixado (LTN) e Tesouro Prefixado com Juros Semestrais (NTN-F).
Como funciona o Tesouro Prefixado?
São títulos com rentabilidade definida (taxa fixa) no momento da compra. Em termos práticos o Tesouro Prefixado é o de mais fácil entendimento. Ao comprar um título desse tipo o investidor já sabe previamente qual a taxa de juros vai remunerar seu investimento.
Ao contrário do Tesouro Selic e do Tesouro IPCA+, variações na Selic e no IPCA não impactam diretamente os títulos prefixados, mais adiante irei falar do custo de oportunidade. Existem dois tipos de Tesouro Prefixado:
- Tesouro Prefixado (LTN)
Como o próprio nome diz, o Tesouro Prefixado é considerado um título prefixado, já que a rentabilidade é definida no momento da aplicação e, consequentemente, o investidor sabe de antemão exatamente o valor que irá receber se o resgate for feito na data de vencimento previamente acordada. Esse título é indicado caso o investidor acredite que a taxa contratada será maior do que a taxa básica de juros da economia (Selic).
A rentabilidade do título equivale a diferença entre o preço no momento da compra e o valor bruto no vencimento do título, que será sempre R$ 1.000 por cada unidade do título. Se o investidor comprar frações do título, o valor bruto será proporcional ao que foi adquirido.
Em caso de venda antecipada, o Tesouro Nacional garante a recompra do título pelo seu valor de mercado. Como as taxas oscilam ao longo do tempo, a rentabilidade poderá ser maior ou menor do que a contratada. Por isso é importante ter certeza que o resgate vai ser feito apenas na data de vencimento do título.
- Tesouro Prefixado com Juros Semestrais (NTN-F)
O Tesouro Prefixado com Juros Semestrais é muito parecido com o Tesouro Prefixado, mas a grande diferença está no fluxo de pagamento. Enquanto no Tesouro Prefixado o fluxo de pagamento é simples, ou seja, ocorre apenas na data de vencimento, no Tesouro Prefixado com Juros Semestrais o fluxo de pagamento é periódico, ou seja, acontece a cada semestre.
Ele é indicado para investidores que acreditam na queda da taxa Selic, mas querem receber a rentabilidade contratada antecipadamente.
Assim como no Tesouro Prefixado, a rentabilidade aqui equivale a diferença entre o preço de compra e o valor bruto, que será sempre de R$ 1.000 para cada unidade do título. Se o investidor comprar frações do título, basta fazer o cálculo proporcional.
Se o investidor precisar resgatar antes do vencimento, o Tesouro Nacional irá recomprar os títulos pelo preço de mercado. Sendo assim, a rentabilidade pode ser maior ou menor do que a contratada.
Taxas
Existem duas as taxas existentes no Tesouro Direto, sendo uma cobrada pela sua instituição financeira (corretora) e uma cobrada pela B3 (antiga BM&FBOVESPA) referentes aos serviços prestados. São elas:
- Taxa cobrada pela B3 (antiga BM&FBOVESPA): Taxa de custódia de 0,30% a.a. sobre o valor dos títulos referente aos serviços de guarda dos títulos e às informações e movimentações dos saldos.
- Taxa cobrada pela instituição financeira: A taxa cobrada pela instituição financeira é livremente pactuada com o investidor. Hoje em dia a maioria das corretoras não cobra essa taxa, então confira antes de investir.
Imposto de Renda (IR)
Tanto o Tesouro Prefixado quanto o Tesouro Prefixado com juros semestrais estão sujeitos ao imposto de renda sobre a rentabilidade do período, seguindo a tabela regressiva usada em grande parte das aplicações de renda fixa.
- Até 180 dias de aplicação, 22,5%;
- De 181 a 360 dias, 20%;
- De 361 a 720 dias, 17,5%;
- Acima de 720 dias, 15%.
Caso o período de investimento seja inferior a 30 dias, também será cobrado o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que incide sobre o rendimento. Este imposto varia de 96% no primeiro dia de investimento a 3% no 29º dia de investimento.
Riscos
São considerados os investimentos com o mais baixo risco de crédito no mercado, assim como os demais títulos da plataforma do Tesouro Direto. Justamente por serem títulos da dívida pública federal brasileira, o risco aqui é de calote soberano, ou seja, do governo não honrar com o pagamento da dívida que tem com você e outros credores.
Falando em risco de mercado, o investidor poderá perder dinheiro caso o resgate aconteça antes da data de vencimento do título, já que o Tesouro Nacional vai recomprar os títulos de acordo com o preço de mercado no momento da venda, que poderá ser maior ou menor do que a rentabilidade contratada no ato da aplicação. Movimentos na Selic irão afetar indiretamente o valor do seu título, quando a Selic tem viés de baixa, seu título se valoriza, e se desvaloriza caso tenha viés de alta.
De modo geral o Tesouro Prefixado é mais indicado para quem possui objetivos de médio prazo. Por exemplo, uma pessoa deseja comprar um carro em 3 anos, ao comprar o tesouro prefixado ela vai saber exatamente o montante final de seu investimento, e não vai se preocupar com a Selic ou variação no CDI.
No curto prazo, principalmente para reserva de emergência, ele não é muito indicado. Isso porque caso você precise vender o título antes do prazo de vencimento, a rentabilidade pode ser negativa. Nesse tipo de situação sempre de preferência ao Tesouro Selic (LTF).
No longo prazo o Tesouro Prefixado é muito utilizado para especulação. Se o investidor acredita, por exemplo, na queda da Selic ele compra títulos prefixados, caso contrário ele vai comprar títulos atrelados a Selic.
Antes de comprar um título prefixado, confira se ele está de acordo com seus objetivos. Dê uma boa olhada no cenário macroeconômico e o que os economistas esperam para os próximos anos, acesse o boletim Focus e sempre confira nosso blog.