A cada dois meses, de acordo com um calendário previamente divulgado pelo Banco Central (Bacen), o Comitê de Política Monetária (Copom) realiza uma reunião entre seus membros para redefinir a nova taxa básica de juros da economia, a Selic. Este é um dos momentos mais aguardados, não apenas por investidores brasileiros, como também por estrangeiros que estão de olho nas oportunidades de investimentos no país. A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 21 e 22 de setembro.
Para todos os investidores, é muito importante acompanhar as decisões do Copom e, especialmente, ler com atenção a ata da reunião. Nela, estão descritas as avaliações dos especialistas do Copom para a macroeconomia e o viés da taxa de juros para a reunião seguinte. Este viés pode ser positivo, o que indica que a taxa deve continuar subindo; neutro, que é um indicativo de manutenção da Selic; e negativo, uma indicação de que a taxa pode começar a cair.
Esses parâmetros são fundamentais para que os investidores repensem seus investimentos e façam algumas perguntas: é hora de pensar em nova alocação para a carteira? Seria um bom momento para investir parte dos recursos em renda variável? A alocação em renda fixa deve ficar concentrada em ativos pré ou pós fixados, indexados a juros ou inflação?
Mas, antes disso, que tal entendermos melhor por que o Copom foi criado?
A bússola da política monetária
O Copom foi criado em 20 de junho de 1996, dois anos após o Plano Real. Desde o início, ficou claro que o objetivo do Comitê é estabelecer as diretrizes da política monetária, de forma transparente e consistente para o mercado financeiro, as empresas e os cidadãos. A criação do Copom foi inspirada em práticas adotadas nos Estados Unidos da América, uma das economias mais desenvolvidas e seguras do mundo. O Banco Central dos Estados Unidos da América, o Federal Reserve (FED), também tem o seu Copom, que chama-se Federal Open Market Committee (FOMC), e tem uma atuação muito similar ao do Comitê brasileiro.
Oficialmente, os objetivos do Copom são: implementar a política monetária, definir a meta da taxa Selic, seu eventual viés e analisar o Relatório de Inflação. Parece básico e simples, mas, para que essas decisões possam ser tomadas, o Comitê reúne um grupo de especialistas, liderado pelo presidente do Banco Central, o economista Roberto Campos Neto.
O Comitê também é constituído por toda a diretoria colegiada do Bacen, além de consultores e técnicos de outras áreas do governo que podem ser chamados a participar.
A reunião é dividida em duas sessões, que ocorrem terça e quarta-feira, de acordo com o calendário anual. O primeiro dia da reunião é dedicado a apresentações, nas quais cada área faz uma análise de conjuntura econômica. É somente no segundo dia que a definição da Selic é colocada em discussão. A decisão sobre a taxa básica de juros para o próximo bimestre e o eventual viés é imediatamente divulgada à imprensa. É importante saber que, entre uma reunião e outra, dependendo do viés, a taxa pode ser alterada, de acordo com novos eventos macroeconômicos, embora raramente isso ocorra.
Vale a pena também aguardar a divulgação da ata da reunião, que ocorre seis dias úteis após a conclusão, em geral, na quinta-feira da semana seguinte. E por que vale a pena ler a ata? Porque nela há uma análise bem detalhada da conjuntura econômica, bem como a fundamentação técnica para a fixação da Selic.
Os principais pontos analisados são:
1. Evolução da inflação;
2. Evolução das contas públicas;
3. Como está a atividade econômica;
4. Cenário externo.
Como os juros afetam suas aplicações financeiras?
Como principal instrumento de política monetária, a Selic afeta direta e indiretamente a vida da população. Ao servir como base para os juros cobrados no país, ela impacta nas aplicações financeiras na tomada de crédito, na atividade econômica, no câmbio e na atratividade do país para os investidores estrangeiros.
De forma geral, a redução das taxas de juros estimula a atividade econômica e é um bom estímulo para o crescimento de negócios em todos os setores: indústria, comércio e serviços. Assim, as empresas investem mais no seu próprio crescimento; os consumidores buscam crédito para comprar mais bens duráveis ou até mesmo imóveis; há maior geração de empregos e estímulo para a economia que, como um todo, cresce.
Períodos de crescimento econômico, no entanto, podem também vir acompanhados de aceleração da inflação. Com maior demanda por produtos e serviços, é natural que ocorra aumento de preços, principalmente se houver outras questões conjunturais. Atualmente, a inflação brasileira tem sido influenciada pelos seguintes fatores: elevação do preço dos combustíveis, em função do mercado internacional; elevação das tarifas de energia, em função da crise hídrica; e quebra de safra de alimentos, devido a fatores climáticos como secas e geadas.
Em um momento como este, para segurar a inflação, o Copom tem elevado a taxa de juros. Este movimento ajuda a reduzir o montante de dinheiro em circulação. Como resultado, é natural que empresas e consumidores também apertem seus gastos ou, até mesmo, invistam em produtos que garantam o poder de compra do seu dinheiro no futuro. Nas aplicações financeiras, as atenções se voltam novamente para as modalidades de renda fixa com produtos indexados à inflação, como é o caso do IPCA.
Agora que você já entendeu como as decisões do Copom impactam a economia e as decisões dos investidores, fique ligado no calendário das próximas reuniões. Há mais três reuniões este ano, que serão realizadas nas seguintes datas:
20 e 21 de setembro
25 e 26 de outubro
6 e 7 de dezembro
Escrito por: Banco Bari