Saber como fazer o cálculo da rentabilidade real de um investimento é essencial para quem quer aplicar seus recursos e não ter prejuízos. O ganho real de uma aplicação financeira, descontado da inflação, é o que de fato representa o ganho do investidor no longo prazo.
Em geral, o investidor avalia apenas a taxa nominal, deixando de considerar os custos, as taxas de administração e de custódia, o Imposto de Renda e a inflação.
Instituições bancárias e corretoras de valores, de forma geral, informam apenas o valor bruto do rendimento da aplicação, entretanto, para saber o valor líquido, é necessário descontar as taxas cobradas sobre os investimentos e os impostos que incidem sobre eles.
No artigo de hoje vamos explicar o que é necessário fazer para calcular a rentabilidade real dos seus investimentos. Continue lendo.
Depois da leitura desse artigo, você já saberá a importância da rentabilidade real das suas aplicações financeiras e o que deve ser levado em consideração para calcular essa rentabilidade.
Aprenda a calcular os rendimentos reais da forma correta
Para calcular a rentabilidade real das suas aplicações financeiras, em primeiro lugar, é necessário entender a diferença entre os conceitos de rendimento bruto, líquido e real.
O rendimento bruto é o resultado dos ganhos de uma aplicação financeira antes de que sejam realizados os descontos em relação aos impostos e outras taxas, já o rendimento líquido consiste no total dos ganhos obtidos por meio de uma operação financeira depois de descontados os impostos.
O rendimento real, por sua vez, consiste no retorno que o investidor vai de fato receber pelas suas aplicações financeiras depois de serem descontados impostos, taxas de custódia e de administração e a inflação.
Para fazer o cálculo da rentabilidade real de um investimento, em primeiro lugar é necessário descontar os impactos causados pela taxa de inflação, que atuam sobre o poder de compra dos recursos que foram aplicados.
O cálculo pode ser feito de diversas formas diferentes e pode ser mais complexo do que parece.
Veja abaixo um exemplo ilustrativo:
Vamos supor que no início do ano um investidor tenha aplicado 100 reais em determinado investimento.
Ao final do período, a taxa de rentabilidade alcançada foi de 10%, sendo assim, o investimento foi atualizado para um valor de 110 reais.
Na mesma época, entretanto, o índice de inflação oficial foi divulgado pelo governo e o mesmo chegou a uma taxa de 5% ao ano.
Sendo assim, de forma geral, nesse período a economia passou a ser 5% mais cara, assim, aquilo que poderia ser comprado no início do ano com 100 reais, ao final do ano precisa de 5% a mais para ser comprado, ou seja, agora custa 105 reais.
É possível dizer então que o ganho do investimento foi de 10 reais no total (rendimento bruto), do qual deve ser subtraído um valor de 5 reais (efeito da inflação sobre o dinheiro investido). Assim, a o ganho do investimento foi de, na verdade, 5 reais.
Quando o valor é comparado aos 100 reais que o investidor aplicou no começo do ano, a taxa de rentabilidade real do investimento é de 5%, correto? Na verdade, não. O cálculo está incompleto e foi realizado da forma inapropriada.
Qual é o jeito certo de calcular a rentabilidade real de uma aplicação financeira
A rentabilidade real de um investimento não deve ser calculada levando em conta simplesmente a subtração do valor da inflação no período da aplicação.
Para chegar ao valor correto da rentabilidade real do investimento, é necessário levar em consideração o retorno nominal.
É possível fazer esse cálculo de duas formas distintas, devendo sempre ser considerados os valores totais e não somente as taxas de inflação e os juros ganhos como foi feito no exemplo anterior.
No caso, os valores que utilizamos foram de 10 e de 5 reais, mas que foram usados de forma equivocada. Na verdade, os valores corretos deveriam ter sido respectivamente 110 e 105 reais.
A rentabilidade real deve ser calculada levando em conta o valor final corrigido, ou seja, o valor do investimento no final do período, que é de 110 reais.
Esse valor então deve ser comparado ao valor com o efeito inflacionário, que é de 105 reais.
A fórmula matemática para o cálculo da rentabilidade real então seria a demonstrada abaixo:
- (1 + rendimentos) / (1 + inflação) – 1.
No caso do exemplo que demos, seria:
- (100% + 10%) / (100% + 5%) – 1
- 110% / 150% – 1
- 4,76%
Analisando os valores, chegamos a um resultado de 4,76% e não de 5% como aconteceu no cálculo da rentabilidade real feito da forma incorreta.
É possível fazer essa conta de forma mais simples, bastando para isso considerar o valor final do investimento, depois de ser contabilizado e dividir o mesmo pelo valor que foi investido inicialmente, da seguinte forma:
- 110 / 105 – 1
O resultado também será de 4,76%.
Calculando rentabilidades negativas
Caso o rendimento de uma aplicação financeira não seja capaz de superar a inflação, coisa que já chegou a acontecer com a caderneta de poupança alguns anos, o que fazer para calcular a rentabilidade real?
No caso da poupança, quando a taxa básica de juros está igual ou acima de 8,5%, a poupança rende 0,5% ao mês + TR (taxa referencial).
Quando a taxa de juros está abaixo desse valor, a poupança rende 70% da taxa + TR.
Em virtude disso, ainda com a vantagem de isenção do Imposto de Renda, a aplicação vem perdendo valor.
Considerando anos em que a inflação tenha sido um pouco superior aos 10%, já é possível observar qual seria a rentabilidade real da caderneta de poupança.
Para exemplificar os cálculos, vamos supor que um investidor tenha realizado uma aplicação de 500 reais no começo do ano e retirado no final.
No período da retirada, levando em conta um rendimento de 7%, o valor obtido seria de 535 reais, com uma taxa de inflação acumulada de 10% ao ano.
Seria um equívoco dizer que a caderneta de poupança perdeu 3% de rentabilidade, sendo 7% de ganho contra 10% de taxa de inflação, uma vez que é necessário sempre levar em conta os valores nominais.
Assim sendo, o cálculo seria o demonstrado abaixo:
- (1 + 0,07) / (1 + 0,10) – 1
- 1,07 / 1,10 – 1
- 2,37%
Sendo assim, o retorno negativo seria de 2,37%, que representa a rentabilidade real negativa do investimento na caderneta de poupança nesse período.
Por que é necessário fazer o cálculo da rentabilidade real da forma correta?
Fazendo o cálculo da rentabilidade real de uma aplicação financeira da maneira correta, você pode obter o resultado do ganho real obtido através do investimento, ou seja, o quanto você ganhou em poder de compra levando em consideração o montante que você investiu.
Para isso, levar em consideração as taxas de inflação do período do investimento é um ponto-chave, afinal de contas, não adianta nada ter um retorno que pode ser considerado alto, como entre 10% e 15% ao ano, caso as taxas de inflação sejam maiores que 10% ano, por exemplo.
Se você está considerando começar a investir dinheiro, leve a rentabilidade real como fator a ser considerado na hora de avaliar as suas alternativas.
Para isso, você pode observar o histórico das opções de investimento. Mesmo que isso não garanta um bom retorno futuro, em virtude da volatilidade do mercado, fazendo uma comparação com as taxas de inflação dos anos anteriores, você pode ter uma noção da rentabilidade real que cada um deles ofereceu durante esses períodos.
Esses valores podem servir como uma referência para escolher a modalidade de aplicação financeira mais adequada ao seu perfil de investidor, às suas necessidades e às suas expectativas de retorno financeiro.
Tanto faz se você está disposto a correr mais ou menos riscos, avaliar a rentabilidade real das suas alternativas de investimento é importante para ter uma noção do que você pode esperar no futuro.
Isso porque a fórmula pode ser aplicada tanto para o cálculo da rentabilidade real a longo prazo quanto em períodos mais curtos.
Caso você não tenha tempo, disposição ou mesmo paciência para fazer as contas e descobrir a rentabilidade real de cada alternativa de investimento, você pode apostar em algumas regras básicas antes de começar a aplicar os seus recursos financeiros.
Uma dica é dar preferência para as aplicações que paguem, pelo menos 100% do CDI e que ofereçam liquidez diária.
O CDI equivale a Selic, que sempre vai ter uma taxa mais alta do que as taxas de inflação dentro do período, em virtude de questões de política monetária.
Outra dica é investir em aplicações indexadas ao IPCA, que usam as taxas de inflação como referência. Assim, a rentabilidade real do investimento sempre será superior à inflação.
Se você gostou dessas dicas e quer ver mais conteúdo como esse, continue acompanhando as nossas publicações e confira os nossos artigos anteriores no arquivo do blog.
Aqui você encontra muita informação para cuidar da saúde das suas fianças e para escolher os melhores tipos de investimentos para aplicar o seu dinheiro e aumentar os seus rendimentos. Fique ligado!
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