Pretende investir? Este erro você precisa saber
Independente do tipo do investimento ou do perfil de quem investe, todo investidor tem em comum um objetivo: obter lucro. Com toda certeza, você sabe que compreender os termos técnicos relacionados ao seu investimento te fornecerão as ferramentas necessárias para lidar e compreender os movimentos que acontecem no mercado financeiro. Porém, merece sua atenção o principal erro que você não deve cometer.
Sem dúvida alguma, você somente conseguirá obter lucro caso se permita ficar imerso na teoria e nas notícias diárias acerca de investimentos. O que talvez ainda não percebeu é que nem só de teoria e prática é feito um investidor bem-sucedido.
Nem mesmo aquelas pessoas que respiram o mercado financeiro estão isentas de tomarem prejuízo. Às vezes, pelo excesso de confiança acabam tomando prejuízos maiores do que já tomaram como iniciantes. Este erro já pode ser considerado um spoiler do que você vai ler adiante.
Antes de investidor, ser humano
Certamente você já ouviu o aforismo grego “conhece-te a ti mesmo”. No cotidiano, a busca do autoconhecimento não tem sido muito valorizada pelas pessoas, principalmente quando se trata de perceber a própria falibilidade ao tomar decisões. Investimentos, negócios, relacionamentos naufragam e poucas pessoas assumem a responsabilidade a respeito.
Em geral, as pessoas raramente fazem um exame de consciência – e este erro é brutal – principalmente sobre qual foi a sua contribuição para que o fracasso se materializasse. Geralmente culpa-se a economia, o governo, o clima, o outro… mas nunca a si próprio por falta de autoconhecimento. A busca do autoconhecimento nos permite reconhecer nossas falhas, prever até onde elas podem nos levar, e evitar ou mitigar suas consequências.
Algo que parece simples mas muitas vezes escapa ao raciocínio é que – antes de investidores – somos seres humanos. É necessário ter uma visão mais sofisticada sobre os agentes inconscientes que influenciam o comportamento humano. E tenha em mente que o erro é natural dos seres humanos o que vai te diferenciar é justamente como você lida com as falhas.
Optar por fazer um investimento requer um conjunto análises técnicas, mas, além disso, é necessário enxergar-se como uma pessoa. Alguém que está sujeito a decisões equivocadas e enviesadas.
É necessário lembrar que as decisões humanas não são completamente racionais e que muitas vezes somos levados a decisões erradas por forças que agem de modo inconsciente. Compreender tais forças é de grande valia ao investidor que, a partir do conhecimento da influência destes elementos, pode prevenir-se de sofrer alguns prejuízos. Neste aspecto, a área de estudo das Finanças Comportamentais analisa as forças psicológicas que atuam sobre o investidor e influenciam as suas decisões.
Finanças Comportamentais?
Finanças Comportamentais é uma área muito próxima da Economia Comportamental e destina-se ao estudo das decisões relacionadas a investimentos e comportamento econômico. Este campo de estudo identifica heurísticas e vieses cognitivos que podem influenciar o rumo das decisões relacionadas ao mundo das finanças. Compreender Finanças Comportamentais torna-se uma ferramenta muito eficaz quando se trata de monitorar as decisões financeiras individuais e grupais, minimizando, portanto, à aquele erro que estamos suscetíveis. Além de maximizar a possibilidade de fazer melhores escolhas no mercado financeiro.
Mas o que tudo isso tem a ver com o título deste post? Eu vou explicar!
Mesmo que você possua o conhecimento técnico e anos de prática no mundo dos investimentos, existe um erro que pode pôr todo o seu investimento a perder:
Erro 1: Negar fatores subjetivos e psicológicos envolvidos nas decisões de investimentos.
Quando o assunto é investimento, ignorar o fator humano pode ser uma das mais desastrosas atitudes que você pode tomar. Uma série de estudos em Ciências Comportamentais trazem à tona a mesma conclusão: nossas atitudes são menos fundamentadas na racionalidade do que presumimos.
Para Hersh Shefrin, um dos precursores em Finanças Comportamentais, alguns fenômenos psicológicos se espalham por todo o campo das finanças, tais fenômenos nos ajudam a compreender como se dá a relação entre os investidores e os seus investimentos.
Antes de compreender o seu comportamento como investidor, é necessário conhecer dois termos: heurísticas e vieses cognitivos.
As heurísticas são atalhos mentais que utilizamos para tomar nossas decisões mais rapidamente e os vieses cognitivos são tendências psicológicas à distorção de uma determinada realidade.
Os investidores baseiam as suas decisões em heurísticas e vieses cognitivos (termos também conhecidos por anomalias). Cientistas comportamentais pontuam uma série de fatores inconscientes que levam o investidor a tomar decisões que em outras circunstâncias não tomariam.
Os vieses cognitivos e heurísticas possuem a função de nos entregar soluções mais rapidamente e – simultaneamente – economizar tempo e energia diante das decisões.
O grande problema, no entanto, refere-se ao fato de que muitas vezes o caminho mais curto que vieses e heurísticas nos oferecem acabam por se tornar também o caminho que nos custa mais caro.
A compreensão de como agem os vieses e heurísticas no comportamento financeiro serve para nos prevenir de tomar certas atitudes quando estamos no piloto automático e que podem ser críticas para o nosso futuro.
Veja a seguir algumas anomalias encontradas durante análises do comportamento financeiro e como evitar cair em suas armadilhas:
Efeito Manada
Se você é um investidor provavelmente este termo não lhe soa estranho, tendo em vista que são feitas muitas correlações entre o efeito manada e a formação de bolhas especulativas.
O efeito manada explica a mobilização de pessoas em prol da escolha da maioria. Muito observado frente a situações de grande incerteza e na ausência de parâmetros mais sólidos para basear escolhas, o investidor busca segurança optando pelo que escolhe a maioria.
Como evitar?
Pesquise com profundidade a respeito de todas as possibilidades de investimentos que podem te interessar. Ir com a correnteza pode pôr tudo a perder. Lembre-se que, quando assunto é investimento, nem sempre “a voz do povo é a voz de Deus”.
Representatividade
Trata-se da tendência dos tomadores de decisão em se apoiarem em estereótipos. Ao tratar de mercado financeiro, esta tendência é muito observada em falsas correlações entre eventos e resultados passados, quando os investidores procuram comprar ações “quentes” e evitar ações que tiveram baixa performance em um passado recente, ainda que esta performance tenha sido momentânea.
Como evitar?
Busque compreender se a correlação de causa e efeito dos resultados passados é coerente ou se há uma tendência aversiva da sua parte.
Autoconfiança Excessiva
O excesso de autoconfiança do investidor tende a levá-lo a superestimar sua percepção e previsão. Estudos comprovam que cerca de 80% das pessoas consideram-se acima da média no que diz respeito às suas habilidades como motorista, senso de humor, relacionamento com outras pessoas e capacidade de liderança.
Na prática do mercado financeiro, habilidades de vencer o mercado são raramente encontradas e alguns estudiosos acreditam que tais habilidades sequer existam, tendo os investidores adquirido sucesso apenas por uma sucessão de acontecimentos aleatórios.
Como evitar?
Observe minuciosamente toda a situação. A sensação de possuir grandes habilidades de percepção e controle de todas as variáveis pode causar erros irreparáveis.
Concluindo
Quando o assunto em pauta é investimento, é necessário colocar em foco o fator humano. Muito além de consumir toda a informação acerca de investimentos, o que poderá ser determinante para o seu sucesso será fazer uma autoavaliação.
“ Será que estou tomando essa decisão com base na maioria?”
“ O que o investimento X pode me proporcionar de fato?”
“ Será que minhas pesquisas sobre o investimento Y estão sendo isentas ou tendenciosas?”
Conhecer os aspectos psicológicos e sociais que influenciam seu comportamento como investidor te fornecerá a possibilidade de criar estratégias para realizar as melhores escolhas possíveis no âmbito dos investimentos e se você tiver interesse em analisar com mais profundidade o seu comportamento como investidor.
Finanças Comportamentais é o campo ideal para que você aprenda sobre heurísticas e vieses cognitivos que podem te levar as más escolhas e como evitá-las ao máximo!